segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando a vida alheia se torna mais interessante


Viver para si e consigo parece já ter perdido todo o sentido, as coisas repetitivas e o nosso cotidiano fazem com que a nossa própria vida perca totalmente a graça. As mesmas ações, pessoas e atitudes tem nos tornado cada vez mais seres automatizados e totalmente sem controle sobre si próprio. Conseqüentemente as aspirações que imaginamos parecem sempre estar presentes na vida e cotidiano de outrem, assim a vida deles parece ser sempre mais interessante e com significado mais importante.

Ver no outro o corpo ou a inteligência que gostaria de possuir são dois grandes motivos do interesse pela vida alheia. Posso até errar em dizer, mas enxergar no outro a parte física como um objeto de desejo é um ato comum a população mundial. Aqui não atribuo somente nós brasileiros que temo interesse demasiado na vida do outrem, mas sim a todos os seres humanos que vivem a cobiça do corpo perfeito, visto os altos números de pessoas com doenças psicológicas em busca de tornarem-se o ‘Homem Vitruviano’.

Fanatismos fazem com que cada detalhe da vida da pessoa deva ser conhecido, estudado e revelado aos demais. Ter uma vida pública pode ser benéfico se olhada de vários ângulos, mas a exposição é algo ruim visto que toda ou quase toda a privacidade seja perdida.

Pode parecer simples demais, mas a falta do que fazer também é um dos motivos para importar-se mais com a vida alheia do que consigo. O simples fato de desligar-se de si mesmo (o que às vezes é necessário) faz com que as pessoas voltem toda a sua atenção para outrem. Tal atitude já ’soa’ como normalidade na sociedade em que vivemos, sociedade essa que valoriza a inversão de valores e que é cada vez mais aceita pela grande massa.

Se existe uma coisa que eu realmente acho babaca no mundo das redes sociais e na vida cotidiana são as gurias (em grande parte tais frases são proferidas por gurias) que perseguem um pensamento padrão, quem já não viu as famosas frases:

“Gostou, pega ficha. Pegou a ficha, final da fila. Final da fila, espera tua vez. Chegou a tua vez, pega de jeito. Não pegou de jeito, abriu para a concorrência. Abriu pra concorrência, perdeu. Quer de novo? Pega fichar. Chegou a tua vez, desculpa mas figurinha repetida não completa álbum”

“Você tem inveja, nunca poderá ser melhor do que eu”

Estas duas frases denotam o verdadeiro retrato da padronização que a sociedade vem impondo as pessoas, tal fato faz com que as mesmas percam o interesse em si próprias, como já citei mais acima. Muito embora em alguns casos exista realmente a inveja de alguém sobre outrem. Este sentimento é inerente as pessoas e saber contorná-lo é mais simples do que muitos imaginam.

Muito embora tais atitudes em geral denotem ser prejudiciais, vale ressaltar que o interesse na vida do outrem pode ser benéfico até certo ponto. Isso quando tal interesse for para o benefício do outrem, do seu bem estar e da felicidade do mesmo, pois todos necessitamos sentir e saber que existem pessoas que se preocupam conosco.

Com o passar do tempo as pessoas aqui denominada ‘xeretas’ acabam perdendo todas as carterísticas pessoais, doando-se por completa a vigiar a vida de outrem e chegando até mesmo a vivenciar as mesmas situações. A total perca de si volta ao início de tudo, que é a total perca de interesse por si e pela vida própria.

Por fim, viver sem interesse total pela vida alheia seria impossível, preocupamos com muitos detalhes das pessoas que gostamos, mas tornar isto uma filosofia de vida faz-se extinguir a si próprio, gerando padronização é ignorância, certamente por isso programas como BBB façam tanto sucesso no Brasil. A sociedade já tem nos exigido muitos padrões de comportamento, não queiramos aceitar mais este de forma satisfatória e benévola.

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