segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Preconceito Sobre Alargadores, Tatuagens, E Piercings


Sendo tão antigos quanto à própria civilização, provavelmente grande parte da juventude moderna convive com alguém que tenha um piercing ou algum alargador. Se trata de algo estético e creio que todos tem direito de gostar ou odiar, achar bonito ou ridículo assim como alguém poderia não gostar de anéis, argolas, pulseiras.Também não nego que qualquer modificação estética permante seja coisa séria e não deve ser feita por impulsos, também é fato que muitas, digo, todas pessoas fazem por simples superficialidade ou quem sabe para fazer parte daquela clássica panelinha adolescente mas uma vez que você faz aquilo virará parte de você, assim como uma verruga ou cicatriz.

Comumente observo que ainda há um resistência enorme sobre elas, não quero ser dramático ao ponto de dizer que uma pessoa com alguns meros piercings e tatuagens nunca fará amigos e será sabatinado públicamente(talvez por católicos), longe disso. Tento não generalizar pois as pessoas são diferentes e reagem de modo diferente, mas quando vêem qualquer pintura à mostra no seu corpo ou qualquer objeto metálico em sua face excluem boa parte de sua credibilidade/seriedade, me usando como exemplo, tenho 20 anos, tenho uma bela argola brilhante e preta com um raio de 50mm nas duas orelhas. Quando menciono algum curso que vou fazer ou algum emprego que vou procurar, as pessoas reagem semelhantemente: "Mas por que? E este alargador? Vai ter que fazer cirurgia".

Entendo que há cada qual para sua ocasião, assim como não usaria havainas e camisa regata numa entrevista de emprego. Mas é sério que um colorido a mais ou um buraco a menos no meu corpo é tão importante assim a ponto de totalmente desconsiderar minha capacidade? Uma pessoa que se tatua abdica totalmente qualquer representação social e fica fadado a cursar design ou publicidade? Ao longo dos anos fomos tão acostumados a ver a imagem um médico branco de cabelo grisalho e com o rosto limpo, que nem se quer revemos nossos conceitos(no caso dos médicos a higiêne é levada em conta então sei lá).

Encerrando sem irônias, meu médico, meu advogado e meu padeiro não se tornariam mais ou menos competentes se tivessem um brinco que a alta sociedade costuma banir. Mas com o resquício de rebeldia que sobrou daquele dia que decimos furar, pintar, alargar enfim, hei de continuarmos a viver e trabalhar sem se importar com quem desdém nosso estilo

Quando a vida alheia se torna mais interessante


Viver para si e consigo parece já ter perdido todo o sentido, as coisas repetitivas e o nosso cotidiano fazem com que a nossa própria vida perca totalmente a graça. As mesmas ações, pessoas e atitudes tem nos tornado cada vez mais seres automatizados e totalmente sem controle sobre si próprio. Conseqüentemente as aspirações que imaginamos parecem sempre estar presentes na vida e cotidiano de outrem, assim a vida deles parece ser sempre mais interessante e com significado mais importante.

Ver no outro o corpo ou a inteligência que gostaria de possuir são dois grandes motivos do interesse pela vida alheia. Posso até errar em dizer, mas enxergar no outro a parte física como um objeto de desejo é um ato comum a população mundial. Aqui não atribuo somente nós brasileiros que temo interesse demasiado na vida do outrem, mas sim a todos os seres humanos que vivem a cobiça do corpo perfeito, visto os altos números de pessoas com doenças psicológicas em busca de tornarem-se o ‘Homem Vitruviano’.

Fanatismos fazem com que cada detalhe da vida da pessoa deva ser conhecido, estudado e revelado aos demais. Ter uma vida pública pode ser benéfico se olhada de vários ângulos, mas a exposição é algo ruim visto que toda ou quase toda a privacidade seja perdida.

Pode parecer simples demais, mas a falta do que fazer também é um dos motivos para importar-se mais com a vida alheia do que consigo. O simples fato de desligar-se de si mesmo (o que às vezes é necessário) faz com que as pessoas voltem toda a sua atenção para outrem. Tal atitude já ’soa’ como normalidade na sociedade em que vivemos, sociedade essa que valoriza a inversão de valores e que é cada vez mais aceita pela grande massa.

Se existe uma coisa que eu realmente acho babaca no mundo das redes sociais e na vida cotidiana são as gurias (em grande parte tais frases são proferidas por gurias) que perseguem um pensamento padrão, quem já não viu as famosas frases:

“Gostou, pega ficha. Pegou a ficha, final da fila. Final da fila, espera tua vez. Chegou a tua vez, pega de jeito. Não pegou de jeito, abriu para a concorrência. Abriu pra concorrência, perdeu. Quer de novo? Pega fichar. Chegou a tua vez, desculpa mas figurinha repetida não completa álbum”

“Você tem inveja, nunca poderá ser melhor do que eu”

Estas duas frases denotam o verdadeiro retrato da padronização que a sociedade vem impondo as pessoas, tal fato faz com que as mesmas percam o interesse em si próprias, como já citei mais acima. Muito embora em alguns casos exista realmente a inveja de alguém sobre outrem. Este sentimento é inerente as pessoas e saber contorná-lo é mais simples do que muitos imaginam.

Muito embora tais atitudes em geral denotem ser prejudiciais, vale ressaltar que o interesse na vida do outrem pode ser benéfico até certo ponto. Isso quando tal interesse for para o benefício do outrem, do seu bem estar e da felicidade do mesmo, pois todos necessitamos sentir e saber que existem pessoas que se preocupam conosco.

Com o passar do tempo as pessoas aqui denominada ‘xeretas’ acabam perdendo todas as carterísticas pessoais, doando-se por completa a vigiar a vida de outrem e chegando até mesmo a vivenciar as mesmas situações. A total perca de si volta ao início de tudo, que é a total perca de interesse por si e pela vida própria.

Por fim, viver sem interesse total pela vida alheia seria impossível, preocupamos com muitos detalhes das pessoas que gostamos, mas tornar isto uma filosofia de vida faz-se extinguir a si próprio, gerando padronização é ignorância, certamente por isso programas como BBB façam tanto sucesso no Brasil. A sociedade já tem nos exigido muitos padrões de comportamento, não queiramos aceitar mais este de forma satisfatória e benévola.